1 de junho de 2012

VIVEMOS NUM ESTADO POLICIAL!


Chego agora a casa depois do dia que me deixou esclarecido: vivemos num Estado Policial.
Passei a tarde a estudar e segui para o protesto contra o desalojamento de S. Lázaro. Ainda nem tive tempo de ler notícias, mas parece que detiveram 4 pessoas incluindo o nosso advogado, uma rapariga asmática a quem recusaram a bomba e um amigo meu cuja camisa vi esfarrada e que tinha uma ferida no peito. Este desalojo foi ilegal, desrespeitou a providência cautelar do tribunal. A desculpa? Que estávamos a degradar o prédio (pintámo-lo, arranjámos-lhe a canalização, limpámo-lo... aquele prédio há anos que não estava tão bem tratado) - já agora um agradecimento à @IlgaPortugal pelo mote, a luta pela igualdade aparentemente também passa por mostrar que o pessoal LGBT também pode ser estúpido e politicamente manipulado....
A manifestação, que começou por volta das 19h30 estava a correr pacificamente. À parte de um puto de cara tapada que mandou uma mancha de tinta a um edifício, só mesmo tambores, palavras de ordem e pessoas simpáticas. Subimos a almirante reis e fomos para a frente da casa da presidência. Por volta desta altura apareceram duas carrinhas da polícia de intervenção cujos polícias nos começaram a seguir. Na mão traziam bastões, escudos e carabinas. O pessoal, assustado, começou a subir mais depressa e dispersou. Conseguiram encurralar o pessoal na igreja dos anjos e não permitiram que ninguém saísse. Ainda ficámos lá para aí uma hora e meia e só saímos depois de sermos todos identificados. Em nenhuma altura houve uma tentativa de comunicação da polícia para connosco. Aquando a minha identificação o polícia, sem identificação, fez favor de deixar claro que:

1-Não podia gritar.
2- Não me podia manifestar.
"Vá mas é lá para o Bairro beber uns copos e deixe-se destas coisas". E porquê a proibição das manifs? Ora, naturalmente porque "as pessoas querem ir descansar para trabalharem e vocês não deixam".


Ao meu lado o rapaz a ser identificado pediu a identificação do polícia (mesmo que me revistou). Este irritou-se com o pedido e empurrou o meu amigo violenta/ contra a parede, de uma forma completamente gratuita. O chefe dele, Rui Oliveira, fez questão de deixar claro que não "vi nada" do que se passou à sua frente.
Identificaram toda a gente, e depois foram embora.

Agora, a voltar para casa do Rossio, passei por S. Lázaro. Deixei à porta (que cimentaram de cima a baixo) uma das flores de plástico que levávamos na manif. Andei vinte metros e quando olhei para trás o polícia que estava na carrinha estacionada do outro lado aproximava-se do prédio. Tirou a flor, olhou para mim, e sorriu. E depois desfez a flor completamente.
Simbolismo demasiado explícito? Deal with it. A Polícia em Portugal é imune. Estão acima de qualquer lei. São humanos? Claro que sim. E exactamente por isso têm lá uma bela quantidade de bestas brutamontes que têm de ser controladas. A Polícia em Portugal é imune. E não há quem vigie o vigilante.

É possível que não notes no teu dia-a-dia, a razão é simples: "Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem".
Mas vais mesmo deixar isto acontecer? Quem sabe se não és tu a seguir...

Texto de Pedro Feijó.