28 de janeiro de 2009

VIOLÊNCIA POLICIAL NA CELEBRAÇÃO DA ZONA PEDONAL DE ALMADA

A 16 de Janeiro, decorreu uma celebração na praça do MFA, no centro da zona pedonal de Almada, cujo objectivo era reclamar a zona pedonal para os peões (visto que ela é todos os dias atravessada por centenas de carros, autocarros, taxis, tornando-a, talvez, na "zona pedonal" menos pedonal do mundo...). Uma iniciativa pacífica, de festa e celebração, com jogos com crianças, lanche, distribuição de informação, música e sobretudo muita festa.
Por volta das 18h, a banda de percussão estava já a tocar há algum tempo, andando pela zona pedonal, incomodando (assim como os carros incomodam as pessoas numa zona pedonal) mas não bloqueando o trânsito. Um grupo de polícias veio a correr em nossa direcção, empurrando violentamente várias pessoas da banda. Agarraram então uma rapariga que estava com a sua filha bebé ao colo e empurraram-na bruscamente da frente de um carro. Um dos polícias ameaçou a rapariga dizendo-lhe "se não sais do meio da rua, bato no teu bebé".
Logo imediatamente a polícia reparou que havia uma pessoa com uma máquina de filmar perto da rapariga (pessoa que tinha estado a filmar toda a iniciativa desde o início da tarde) e foi-lhe tentar apreender a máquina, ao que essa pessoa, pacificamente, se recusou pois não estava a perceber para que os agentes queriam o filme. Perante isto pediram-lhe a identificação ao que ele respondeu que o faria apenas depois de o polícia também se identificar. A partir daí a actuação da polícia tornou-se mais violenta. Respostas como "eu dou-te a minha identificação, o caralho", "se me continuas a pedir a identificação levo-te detido" foram ouvidas da boca de quase todos os agentes envolvidos. Várias pessoas foram mandadas ao chão e a pessoa que estavam a tentar identificar foi imobilizada por 4 ou 5 agentes de uma forma completamente desproporcionada pois em momento algum teve alguma atitude agressiva. Uma senhora que estava a tirar fotos da agressão foi então agredida por um polícia que lhe tentou tirar amáquina fotográfica, mandando-a ao chão, e que quase lhe partiu um dedo.
Outra pessoa, ao aproximar-se da situação, foi socada na barriga por um agente. Ao mostrar a sua indignação foi ameacado fisicamente: “dei-te uma e volto-te a dar, filho da puta”.Ao que levou outro murro e o agente ainda acrescentou “se eu não estivesse fardado já te tinha fodido todo”. Essa pessoa caiu então por cima da que estava a ser detida e o grupo de polícias começou a dar bastonadas de uma forma extremamente violenta na pessoa que tinha caído e que não se conseguia levantar. Nesta confusão outro jovem aproximou-se e levou uma bastonada na cabeça, ficando a jorrar sangue. Uma senhora que se encontrava a ver, indignada, toda esta situação inaceitável (juntamente com muitas outras pessoas que entretanto se tinham juntado) foi também empurrada por um agente e caiu ao chão, tendo batido com a cabeça. Um agente à paisana que entretanto tinha tirado o destintivo aproximou-se de algumas pessoas da banda e disse para um dos seuselementos “eu sou PSP, voltas-te a meter com os meus colegas e eu faço-tea folha, filho da puta”.
Já na esquadra as agressões continuaram quando as pessoas tentaram saber das pessoas que tinham sido detidas (inclusivé ao advogado). E só aí, e com a presença do advogado, é que foi possível obter a identificação de alguns dos agentes envolvidos. O balanço desta festa/celebração foi: muita animação, convívio e festa mais três feridos e dois detidos.Consideramos toda a acção da polícia completamente desproporcionada e desnecessariamente violenta. Foi chocante o clima de impunidade em que vive a polícia. Quando se informaram os agentes de que seria apresentada queixa contra o seu comportamento as respostas foram risos e gozo. Era uma festa, a população de Almada estava a gostar, recebemos muitas palavras de incentivo, estava tudo a correr bem. Pelo contrário, a polícia recebeu a indignação geral da população.
Retirado de um panfleto distribuído na rua.