16 de agosto de 2011

SLUTWALK PORTO OU MARCHA DAS PESSOAS GALDÉRIAS


Foi no passado dia 13 pelas 22.30 frente à estátua da Justiça no Palácio da Justiça que se iniciou a concentração que viria a reunir cerca de quarenta pessoas e teve a presença de alguns jornalistas que fizeram algumas entrevistas.
Um carro da PSP apareceu notificando uma das pessoas organizadoras, nada de grave, o agente policial ofereceu proteção e chamou à atenção que o percurso escolhido contrariava o sentido do transito e que aquela hora algumas das artérias escolhidas não tinham ninguém pelo que a marcha não teria qualquer visibilidade. Foi dito que a marcha seguiria pelo passeio e prescindiu-se da colaboração da policia.
Primeira paragem foi junto às esplanadas do Café Ancora Douro, com leitura do Manifesto e distribuição do mesmo e de outros panfletoa a quem estava nas esplanadas.
A marcha continuou seguindo o percurso dos sítios de animação noturna da baixa portuense. Num destes sítios partilharam com a marcha taças de champanhe com bocados de morango e mais à frente noutro sítio foi lido de novo o manifesto num palco onde uma banda rok acabava de tocar.
A marcha acabou na Praça dos Poveiros. Notou-se a falta de um megafone e mais alguns panfletos com o manifesto para distribuir. O ambiente durante a marcha foi salutar e cordial tanto entre os participantes como no relacionamento com o público, excepto junto ao palco onde um indívíduo baixo e gordo de início enquanto uma manifestante lia no palco o manifesto começou a mandar bocas a alguma distancia. Ninguém ligou e curiosamente no final já não o vi...


JOSÉ SILVA 


MANIFESTO     
Slut*Walk Porto - Pela autodeterminação sexual em todas as circunstâncias

Em Janeiro de 2011 um polícia afirmou em Toronto que as mulheres devem evitar vestir-se de forma provocante se não quiserem ser violadas. A SlutWalk Porto junta-se à vaga de indignação que esta afirmação causou um pouco por todo o mundo.
Recusamos totalmente a culpabilização das mulheres face a situações de violência sexual. Recusamos a cumplicidade com a agressão e com quem agride, seja pelo silêncio ou pela benevolência.
Recusamos a objectificação e mercantilização dos corpos das mulheres. Mude-se as leis, mude-se quem agride. Mude-se a cultura patriarcal que diz às mulheres para não serem violadas, em vez de dizer aos homens para não violarem.
Mude-se a moral dominante, segundo a qual SLUTs somos todas nós, mulheres casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, heterossexuais ou homossexuais, bissexuais, assexuais, com ou sem companheir@, monogâmicas ou não, com ou sem filh@s. SLUTs são todas as mulheres que não inibem gestos, emoções, desejos ou vontades, que vestem, falam e vivem de acordo com os seus próprios padrões, que se não vergam à moral dominante.
Se SLUT - galdéria, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil - é uma mulher que decide sobre o seu corpo, sobre a sua sexualidade e que procura prazer, então somos SLUTs, sim!
Não queremos piropos sexistas, não queremos paternalismo, não queremos violência sexual. Dizemos não, por mais cidadania. Dizemos não, por mais democracia. Dizemos não, por mais liberdade.



SE... NÃO É NÃO!  
Se ponho um decote... Não é Não!
Se pus aquelas calças de que tu tanto gostas... Não é Não!
Se uso burca... Não é Não!
Se durmo com quem me apetece...Não é Não!
Se sou virgem... Não é Não!
Se passo naquela rua... Não é Não!
Se vamos para os copos... Não é Não!
Se me sinto vulnerável... Não é Não!
Se sou deficiente... Não é Não!
Se saio com @s maiores galdéri@s... Não é Não!
Se ontem dormi contigo... Não é Não!
Se sou trabalhadora sexual... Não é Não!
Se és meu chefe... Não é Não!
Se somos casad@s, companheir@s, namorad@s... Não é Não!
Se sou tua paciente... Não é Não!
Se sou tua parente... Não é Não!
Se sou imigrante ilegal... Não é Não! 
Se tenho relações poliamorosas... Não é Não!
Se sou empregada de hotel... Não é Não!
Se tens duvidas se aquilo foi um sim, então... Não é Não!
Se és padre, imam, rabi ou poojary... Não é Não!
Se beijo outra mulher no meio da rua... Não é Não!
Se sou brasiler@, caboverdian@, angolan@ ou de outro país que sofreu colonização... Não é Não!
Se tenho mamas e pila... Não é Não!
Se disse sim e se já não me apetece... Não é Não!
Se sou empregada doméstica... Não é Não!
Se adoro ver pornografia... Não é Não!
Se ando á boleia... Não é Não!
Se estamos numa festa swing, numa sexy party ou numa cena BSM
Se já abrimos o preservativo... Não é Não!

NÃO é sempre NÃO. Quando é sim, não há ambiguidades ou dúvidas porque sabemos o que queremos e sabemos ser clar@s!