19 de fevereiro de 2015

CASA VIVA COMUNICA: ROUBO DA FAIXA - JE SUIS AINDA COVA DA MOURA



casa viva
A faixa colocada na fachada da Casa Viva, na quinta-feira 12 de Fevereiro 2015 (em solidariedade com as pessoas agredidas na Cova da Moura pela actuação violenta, abuso de poder e propósitos racistas cometidos por parte de uma instituição do Estado chamada polícia com as seguintes palavras: “A bófia invade e brutaliza. A imprensa inverte a situação. O Estado criminaliza. A sociedade engole silenciosa. Je suis Cova da Moura“) foi roubada no sábado 14 de Fevereiro à tarde.
Não sabendo quem cometeu este acto danoso para com a nossa indignação e certamente a nossa capacidade financeira envolvendo o preço do pano, da tinta, da corda, além do nosso tempo e dedicação solidária, sim, desta vez, suspeitando de alguma mão claramente racista actuando por conta própria pela cidade do Porto, a Casa Viva decidiu apresentar uma queixa formal na esquadra mais próxima do local da ocorrência.
Para nossa surpresa foi-nos dito que não podíamos apresentar queixa, porque a faixa não fora roubada, mas apreendida! Foi então que se tornou claro que essa instituição do Estado, além do braço armado de uma ideologia racista, também se outorga o direito de ser as tesouras da censura. Dado que nenhuma notificação nos foi entregue, convenhamos que a diferença é muito ténue entre roubo e apreensão. Tal como é muito ténue, neste caso, a distinção entre ofensa e censura. Parece que a solidariedade consensualmente imposta obedece a padrões especificamente brancos e religiosamente cristãos que permitem ser Charlie, mas jamais ser Palestina ou Cova da Moura.
Na esquadra da Rua do Paraíso foi-nos especificado que a faixa fora apreendida por ter sido considerada «ofensiva para a instituição». O roubo legalizado pelos censores armados do Estado decorreu no sábado 14 de Fevereiro às 14 horas. A Casa Viva foi informada que o processo se encontrava consultável no site do ministério público com a seguinte referencia NPP 69096/2015. Procurámos e nada encontrámos!
Não estamos dispostas a um jogo onde a nossa forma de pensar é a bola. Se a polícia se sente ofendida pela palavra “bófia”, faltam certamente dicionários, mas falta ainda mais humanidade. Pelo nosso relógio são horas de responder com as armas de quem não tem armas.
Reafirmamos: JE SUIS AINDA MAIS COVA DA MOURA

8 de fevereiro de 2015

A REVOLTA DE FEVEREIRO DE 1927


Trincheira rebelde em santa Catarina, uma das mais sacrificadas no porto, na qual destaca em primeiro plano um soldado observando a posição inimiga com uma garrafa na mão.
Trincheira rebelde em Santa Catarina, uma das mais sacrificadas no Porto, na qual destaca em primeiro plano um soldado observando a posição inimiga com uma garrafa na mão.

O medo de que a revolução “caísse na rua” terá sido o motivo que levou os militares de Lisboa conjurados na revolta a não secundar de imediato o pronunciamento do Porto. A pressão popular, a agitação nos meios operários e nas ruas, o sentimento de remorso que se foi instalando nalguns dos militares conjurados, à medida que se foi conhecendo a dureza dos combates e o isolamento dos revoltosos no norte, ditariam o arranque do movimento em Lisboa. Nesse momento, no Porto, a situação era já de virtual derrota. Os revolucionários resistiram três dias na capital e, na noite do dia 9 de Fevereiro de 1927, um número indeterminado de marinheiros e civis foram fuzilados junto ao chafariz do Largo do Rato, após deporem as armas por falta de munições. Acabava de forma trágica e intimidatória a revolta contra a ditadura instalada nove meses antes e que os portugueses viveriam nos 47 anos seguintes.

A primeira tentativa consequente de derrube da ditadura militar instalada com o golpe de 28 de Maio de 1926 eclodiu no Porto na madrugada de 3 de Fevereiro de 1927.  No plano traçado, os revoltosos, à frente dos quais se encontravam ''militares e civis republicanos cuja actividade política se tinha desenvolvido até ali fora da estrita vida partidária” 1, contavam com o levantamento das forças conjuradas em Lisboa e no resto do país nas doze horas seguintes, mas não aconteceu assim.
Esta revolução, como preferem chamar-lhe alguns dos intervenientes, fermentou no ambiente conspirativo generalizado que estava estendido a toda a oposição política ao governo da ditadura. Fortemente marcado pela participação de militares, o movimento que ganhava forma, já então identificado como o "reviralho”, tinha o apoio para esta acção de um leque alargado de forças políticas que ia desde o Partido Radical Democrático, Acção Republicana, Seara Nova, Esquerda Democrática ao sindicalismo revolucionário e ao anarquismo militante.
Esta amálgama de interesses tinha como objectivo comum o derrube da ditadura militar surgida com a sublevação do exército em 28 de Maio do ano anterior, que se estabelecera sem resistência do Governo do Partido Republicano Português (PRP), então no poder, e contara para o seu êxito “com a cumplicidade de todo o espectro político”, como sublinha Emídio Santana 2.
Os motivos para esta aliança táctica eram diferentes. Os republicanos constitucionais por se considerarem atraiçoados na expectativa de regeneração da República anunciada pela ditadura. A esquerda e os anarquistas por pressentirem a queda de todas as liberdades populares e verem cada vez mais eminente o perigo de fascismo. A escolha do Porto para o pronunciamento da revolta ficou a dever-se às medidas cautelares tomadas nos meses anteriores pelo Governo, transferindo das suas unidades ou colocando sob residência fixa muitos militares da guarnição de Lisboa considerados susceptíveis de aderir à Revolução 3.
O movimento, dirigido por um comité constituído por Sarmento Pimentel, Jaime Cortesão, Jaime de Morais, José Domingues dos Santos e Raúl Proença como elemento de ligação a Lisboa, propunha-se “restaurar o regime e a Constituição e formar um forte governo nacional composto por algumas das mais competentes e honradas figuras da República”. Não sendo um movimento apolítico, afirmava-se como um movimento “contra os políticos”, numa alusão aos políticos do PRP, cujas facções monopolizaram o poder desde a proclamação da República em 1910 até ao golpe de 28 de Maio de 1926.


A Revolta no Porto

A sublevação teve o apoio, a partir do próprio dia, de forças militares de Penafiel, Amarante, Valença, Santo Tirso e Guimarães, que se dirigiram para o Porto em reforço dos insurrectos. Ao mesmo tempo saíram a ocupar posições estratégicas unidades militares da Figueira da Foz e de Vila Real. No dia seguinte, a solidariedade estendeu-se a Vila Real de Santo António, Tavira e Faro. Já no dia 5, ocorreram tentativas de sublevação de forças militares em Setúbal, Barreiro, S. Julião da Barra, Queluz, Évora, Abrantes, Alijó e Valpaços. Com excepção das primeiras, todas as outras se foram rendendo nas horas seguintes às forças fiéis à ditadura militar. As unidades militares do Porto e de Vila Nova de Gaia, cuja maioria inicialmente se tinham declarado neutrais, à medida que o tempo passava e se foram concentrando tropas fiéis ao Governo nos arredores da cidade, tomaram o partido da ditadura, transformando o Porto de um bastião revolucionário numa cidade sitiada.
Anos mais tarde, Manuel Joaquim de Sousa, secretário-geral da CGT (Confederação Geral do Trabalho), comentaria criticamente a atitude do Comité Revolucionário do Norte face às unidades militares neutrais: “Ali [no Porto], os elementos das esquerdas principiam a revolução colocados logo na defensiva. Imprevidentes ou ingénuos os seus dirigentes contentaram-se com declarações de ‘neutralidade’ de gente que logo a seguir bombardeou a cidade, às ordens do Ministro da Guerra, e forçou a rendição sem condições” 4. O Ministro da Guerra, vindo de Lisboa com reforços, comandou a repressão ao movimento desde o final do primeiro dia.
A cidade foi bombardeada sem tréguas nos dias seguintes a partir da Serra do Pilar e do Monte da Virgem, provocando inúmeros incêndios na sua zona central. Resultaram destruídos vários edifícios públicos e foram fortemente atingidos alguns hotéis, bancos, cafés, casas comerciais e quartéis dos bombeiros. A resposta  dos revoltosos castigou duramente Vila Nova de Gaia.
No interior da cidade as posições revolucionárias mantiveram-se inexpugnáveis nos dois primeiros dias. Mas o aumento do isolamento cada dia que passava, o bombardeamento sistemático, o estreitar do cerco, a escassez de mantimentos e munições, o número elevado de mortos e feridos, estes aspectos, agravados pela persistência no modelo de combate convencional, condicionador do papel dos civis, e somados à inacção de Lisboa, foram tornando visível o espectro da derrota próxima.
Um dos emissários dos revoltosos é conduzido com os olhos vendados ao encontro com o Ministro da Guerra, nas Devesas em Vila Nova de Gaia. Foto Arquivo Fotográfico de Lisboa.
Um dos emissários dos revoltosos é conduzido com os olhos vendados ao encontro com o Ministro Da Guerra, nas Devesas em Gaia (Foto do Arquivo Fotográfico de Lisboa).  

Neste ambiente, emissários dos revoltosos deslocaram-se do Porto ao quartel-general das forças governamentais instalado em Vila Nova de Gaia, no dia 5 de fevereiro, para negociar um armistício. Foi premonitória a foto dos três militares de olhos vendados entrando para o edifício onde conferenciaram com o Ministro da Defesa, que lhes reafirmou: “rendição total ou o bombardeamento da cidade até à destruição das posições rebeldes”. Perguntado pelos jornalistas por que não se rendiam os revoltosos, respondeu: “Porque não obedecem a um comando certo. Manda toda a gente e os civis coagem a tropa a não se entregar…” 5.
Os combates prolongaram-se mais dois dias, com as forças leais ao Governo reforçadas por tropas oriundas de Lisboa  e de unidades militares do Norte do país. Com as atenções focadas em Lisboa, de onde chegavam notícias, falsas, de que o movimento finalmente arrancava, os revoltosos resistiram até 7 de Fevereiro à crescente agressividade das ofensivas lealistas que foram apertando o cerco à zona central da cidade, mas, à medida que as horas passavam e as munições se foram esgotando, foi aumentando o número dos que entendiam que a rendição era inevitável.
As forças em presença na “batalha” do Porto, a 7 de Fevereiro, foram calculadas em 1200 militares e outros tantos civis combatentes do lado dos revoltosos, destes “cerca de 300  foram armados, alguns deles cêgêtistas e sindicalistas revolucionários” 6, e em 4000 os efectivos governamentais que sitiavam a cidade. O receio declarado dos militares “reviralhistas” de que a revolução “caísse na rua” explica os cuidados na hora de distribuir armas a civis, como evidencia José da Silva, nas suas “Memórias” 7: “um grupo de 200 operários, concentrados na estação de Campanhã, esperou em vão durante horas que lhes entregassem armas e munições”. O General Sousa Dias, comandante operacional da revolta, afirmaria em tribunal que os civis que participaram na contenda se encontravam já armados e que tinham sido utilizados simplesmente no serviço auxiliar de ligações, meramente secundárias 8.

A Revolta em Lisboa

Em Lisboa os civis jogaram um papel determinante quer no desencadear, quer no desenrolar da revolta. No dia 3 de Fevereiro, viviam-se com expectativa os acontecimentos do Porto. Como seria de esperar, o Governo declarara o estado de sítio com suspensão das garantias e recolher obrigatório entre as 22 e as 6 horas. Os quartéis tinham sido postos de prevenção rigorosa e os pontos estratégicos da cidade ocupados pelas tropas leais. A população aglomerava-se no Rossio e Terreiro do Paço à procura de informações. O jornal “O Mundo”, órgão da Esquerda Democrática, que tinha saído em segunda edição sem prévio visto da censura, foi apreendido, presos os seus redactores e mandadas selar as instalações. O mesmo aconteceu com os jornais “O Rebate” e “A Informação”. A Polícia prendeu ainda um número indeterminado de suspeitos de estarem conjurados com a revolta.
Na madrugada de 4 de Fevereiro, os ferroviários do Sul-e-Sueste declararam uma greve geral, paralisando o tráfego ao Sul do Tejo, fazendo recolher todo o material circulante à estação de Casa Branca. O Governo respondeu com a ocupação militar das instalações ferroviárias e o encerramento do Sindicato. As manifestações de apoio à revolução no Porto faziam-se com grandes dificuldades e a descoordenação dos revolucionários era evidente. Nas hostes oposicionistas, recorda Emídio Santana, “há movimentação e intranquilidade, há entrevistas e acercamentos com o comité revolucionário, contra o qual todos conspiram”.
A partir de 5 de Fevereiro verificaram-se greves e agitação nos meios operários em solidariedade com os revoltosos do Porto, incitando os militares a sair para a rua. Um pouco por todo o país ocorrem actos semelhantes. Em Santarém são tirados os parafusos que fixam os carris da linha do comboio e cortadas as linhas telegráficas. Em Évora, de madrugada, civis que se fizeram transportar em três táxis, escalaram os muros da carreira de tiro e roubaram todas as armas ali existentes, enquanto os soldados da guarnição dormiam. Durante o dia, civis tentaram assaltar o Quartel General desta cidade, em vão. Numerosos populares concentrados na Praça do Geraldo foram dispersados por forças de cavalaria.
Na noite do dia 5 de Fevereiro a policia assaltou a sede do jornal “A Batalha”. Todos os que se encontravam no edifício, onde também funcionava a CGT, foram detidos e levados para a esquadra do Caminho Novo, donde seriam libertados logo no início da revolta em Lisboa.
A agitação popular também se intensificou no dia seguinte e, ao fim da tarde,  um numeroso grupo de populares, gritando “morras à ditadura”, queimou no Rossio exemplares do jornal do Governo, “Portugal”. Forças da Polícia e cavalaria da GNR carregaram sobre os manifestantes retomando o controlo da praça e ruas adjacentes. Ao mesmo tempo, o Governo mandava encerrar todos os restaurantes, cafés e outros estabelecimentos públicos da cidade. Cerca da meia-noite, teve lugar o primeiro ensaio de início da revolta militar em Lisboa. Marinheiros que faziam a guarda ao Arsenal da Marinha tentaram apoderar-se dele, sem êxito.
Agatão Lança na rua da escola Politécnica. Legenda: Agatão Lança, na Rua da Escola Politécnica com marinheiros, oficiaisda GNR e do Exército, enquadrados por civis.
Agatão lança na Rua da Escola Politécnica com marinheiros, oficiais da G.N.R. e do exército, enquadrado por civis



A reacção militar em Lisboa tardaria até às 9 horas da manhã do dia 7 de Fevereiro, quando 150 marinheiros, comandados pelo tenente Agatão Lança, saíram do quartel de Alcântara rumo à Rotunda, acompanhados por civis armados. A coluna foi engrossando com contingentes dos quartéis da GNR, cerca de 400 homens, incorporados no caminho, e tomaram posições no eixo São Pedro de Alcântara – Largo do Rato. Ali rebentaram as primeiras bombas arremessadas por civis contra as patrulhas militares fiéis ao Governo colocadas na zona (ver caixa com depoimento inédito de Américo Vicente). A essas horas, no Porto, a situação era de virtual derrota e já se negociava a rendição dos militares implicados, que viria a verificar-se, “sem condições”, na madrugada seguinte.
A proclamação dos revolucionários, distribuída profusamente pela cidade,  sem euforia, mas escondendo a situação real da revolta, anunciava: “A Ditadura Militar está vencida”. Depois de identificar o inimigo com a “ínfima minoria do Exército que ocupa o Poder ao serviço da Alta Finança e das companhias estrangeiras”, deixa entrever que a reacção tardia e desesperada dos militares revolucionários de Lisboa ocorre por reflexo dos acontecimentos do Norte: “o sangue dos nossos irmãos do Porto tem de ser vingado”.
Revolucionários à porta do Arsenal da Marinha. Legenda: Revolucionários à porta do Arsenal da Marinha, na manhã de 7 de Fevereiro. (Fotógrafo não identificado. Arquivo Fotogáfico de Lisboa)
Revolucionários à porta do Arsenal da Marinha, na manhã de 7 de Fevereiro. (Fotógrafo não identificado. Arquivo Fotogáfico de Lisboa)

Entretanto, tinham já sido levantadas barricadas nos Largos do Rato e de São Mamede  e nas embocaduras do Bairro Alto. No Jardim de São Pedro de Alcântara, onde se improvisou o quartel general dos insurrectos, foram colocadas metralhadoras. “Os estabelecimentos comerciais estavam já todos fechados (…) e a gente pressentia, como numa previsão colectiva de pavor, a grandeza da luta que ia travar-se”, pode ler-se no Diário de Notícias de 11 de Fevereiro, que, “em virtude dos acontecimentos”,  não se publicou durante o conflito, tendo o mesmo sucedido com os demais jornais da cidade.
Ao mesmo tempo, os civis que acorriam às barricadas encontravam-se com a situação ilustrada pelas palavras de Emidio Santana: “com um companheiro de oficina e de ideias sigo para o Rato. Muitos civis esperam obter armas que faltam e não chegam” 9
Ao princípio da tarde começaram a ser alvejadas por granadas de artilharia, disparadas pelas peças das tropas fiéis à Ditadura situadas na Rotunda, as posições dos revoltosos no Jardim de São Pedro de Alcântara, a estação do Rossio, o Arsenal da Marinha, já na posse dos revoltosos, e dois navios de guerra ancorados no Tejo.
Algum tempo depois de se fazerem ouvir as peças de artilharia, um grupo de populares assaltou no Rossio as instalações do jornal “Portugal”, tendo destruído o material de imprensa e mobiliário, queimando todos os exemplares do jornal que ali havia. Dali, cada vez em maior número, dirigiram-se às instalações do “Correio da Noite”, depois às do “Correio da Manhã” e em seguida às das Juventudes monárquicas, donde lançaram pelas janelas todo o mobiliário e arquivos, pegando-lhes fogo em seguida.
Destroços na Baixa de Lisboa: Legenda: Restos dos destroços na Baixa de Lisboa junto às instalações do 'Correio da Noite' (Fotógrafo não identificado. Arquivo Fotogáfico de Lisboa).
Destroços na baixa de Lisboa, junto às instalações do ''Correio Da Noite'' (Arquivo Fotográfico de Lisboa)

Em vários pontos da cidade, Maria Pia, Arroios, Braço de Prata e Morais Soares houve recontros entre civis e militares. “Durante a noite prosseguiram os combates, sendo constante o tiroteio e matraquear das metralhadoras, ouvindo-se de quando em quando o troar dos canhões. Por outro lado, camionetas com forças fiéis ao Governo continuaram varrendo a tiro as ruas da Baixa, não deixando assomar ninguém às janelas” 10.
Ao romper da manhã do dia 8 foram posicionadas peças de artilharia no Torel, que passaram a alvejar impiedosamente o quartel general dos revoltosos, que teve de ser abandonado. Do Entroncamento, chegaram mais reforços às forças governamentais que pressionaram grupos de revoltosos espalhados pelos bairros compreendidos entre as avenidas da Liberdade e Almirante Reis, obrigando-os a abandonar as suas posições. As tentativas de civis e marinheiros para controlar a Escola Militar, a Penha de França e retomar o Torel, foram repelidas depois de violentos combates, obrigando à sua retirada. Alguns destes grupos tentaram juntar-se aos que se encontravam no Arsenal e na Rua da Escola Politécnica ou desapareceram sem rumo certo. A Baixa de Lisboa foi entretanto ocupada por tropas de infantaria.
Contingentes das forças fiéis à ditadura ocuparam posições na rua de São Bento, infiltraram-se no Bairro Alto e nas vizinhanças da Rua da Escola Politécnica. O cerco apertava-se. De noite combateu-se com violência perto da Rotunda e no Arsenal.
Na manhã do dia 9 de Fevereiro, os aviões, que no Porto apenas tinham feito reconhecimentos e distribuído jornais e propaganda, foram utilizados como arma ofensiva em Lisboa. As posições dos revoltosos na rua da Escola Politécnica, no Bairro Alto e no Arsenal da Marinha foram bombardeadas também pelo ar.
Cerca do meio-dia começa a ser afixado um edital do Governador Militar de Lisboa onde se faz saber, depois de confirmar o estado de sítio na cidade, que “é expressamente proibido, seja a quem for, assomar à janela” e “todo aquele que for encontrado com armas será fuzilado sem julgamento”.
O Arsenal foi objecto de novo bombardeamento aéreo ao início da tarde, permitindo a sua conquista. Parte das forças revoltosas retiraram debaixo de fogo, conseguindo passar de barco à outra margem do Tejo, enquanto os restantes civis e marinheiros lhes cobriam a retirada. Com a rua do Alecrim já tomada pelas forças governamentais, o cerco às posições dos revoltosos completar-se-ia com o avanço das forças fiéis ao Governo pela Calçada do Combro. Nas ruas transversais, pequenos núcleos de civis e revoltosos dificultaram o mais possível o avanço das tropas, fazendo fogo incessantemente. “O pânico no Bairro Alto era indescritível”, escreve um jornalista do Diário de Notícias.
Os revoltosos foram confinados ao eixo Jardim de São Pedro de Alcântara – Rato, com barricadas nas travessas adjacentes e combatentes posicionados no Jardim Botânico, onde ainda hoje se podem observar as marcas das balas nalgumas das árvores. Ficava assim delimitado o terreno onde os revolucionários resistiram até à rendição.
Cerca das seis horas, um carro com um lençol branco hasteado num pau de vassoura  percorreu a Rua da Escola Politécnica. Nele, um dos oficiais revoltosos, ao passar pelas barricadas ali montadas, anunciava que iria ser dada a rendição, informava que já não havia munições e indicava aos civis que fugissem.
Às 7 horas da tarde, o coronel Mendes dos Reis telefonou ao estado-maior das forças fiéis ao Governo e anunciou a sua rendição: “não posso continuar a luta porque não tenho munições”. Informou a localização do ministro dos Estrangeiros e dos seus secretários, prisioneiros dos revoltosos desde o primeiro dia, recomendando que fosse ordenada para essa missão a saída de uma força da GNR do quartel do Carmo, que se mantivera neutral, avisando “que não encontrará como adversários senão poucos civis que eu receio que possam fazer quaisquer distúrbios”. Deu ainda a informação de que estava acompanhado pelo comandante Agatão Lança mais outros dois oficiais numa mercearia junto ao Largo do Rato, onde aguardariam o destino que entendessem dar-lhes. O seu destino seria a Penitenciária de Lisboa, aonde nos dias seguintes seriam concentrados centenas de militares e civis envolvidos na revolta.
Chegados a esta altura dos acontecimentos deixa de haver notícias nos jornais sobre o que se passou a seguir à rendição destes militares. Como desmobilizaram  ou escaparam as centenas de marinheiros, guardas republicanos e civis cercados naquele perímetro, continua a ser uma incógnita. Um apontamento, apenas, refere que na manhã do dia seguinte ainda se ouviam tiros isolados no Bairro Alto e arredores. A voz popular e alguns autores continuam a dizer nos dias de hoje que “marinheiros e civis foram fuzilados junto ao chafariz do Largo do Rato depois de se terem rendido por falta de munições”, mas a historiografia oficial nada diz a este respeito. Nem confirma, nem desmente esta “maneira singelamente fascista de dissuadir a participação popular” 11.
Destaque para o parágrafo da sexta página da edição do Diário de Notícias de 11 de Fevereiro de 1927 informando da entrada de 35 cadáveres não identificados no Necrotério, pelo mistério que encerra: militares sem placa identificadora?...
Destaque para o parágrafo da sexta página da edição do Diário de Notícias de 11 de Fevereiro de 1927 informando da entrada de 35 cadáveres não identificados no necrotério, pelo mistério que encerra: militares sem placa identificadora?...


Em Lisboa, os combates, que cessaram no dia 10, causaram cerca de noventa mortos e mais de quatrocentos feridos. No Porto, os mortos foram mais de cem e cerca de quinhentos os feridos. Em Lisboa, o total dos militares revoltosos não teria superado os mil, enquanto  revolucionários civis, na falta de mais armas, foram o triplo destes, sendo “a parte mais aguerrida nos combates de rua, no assalto a quartéis e na obtenção de armamento, dando à Revolução uma feição popular” 12.
Para muitos, esta tentativa de derrube da ditadura fracassou devido à descoordenação entre os dois polos revolucionários. Para Sarmento Pimentel, do Comité Revolucionário do Norte, a responsabilidade foi “dos conjurados de Lisboa, que não vieram logo para a rua, como estava combinado, e comprometeram, assim, irremediavelmente, o levantamento do Norte. Por culpa dos tímidos, dos pusilânimes, dos cobardes e daqueles que viram que a revolução não servia os seus interesses e, sendo republicanos, contrariaram o movimento. Arrependeram-se depois, mas já era tarde” 13. Referindo-se ao desfecho dos acontecimentos, manifestou: “Nós, os do Porto, chamámos àquele levante tardio de Lisboa, a ‘Revolução do remorso’. É claro que a ditadura, podendo bater os seus inimigos, primeiro um e, depois deste vencido, o outro, esmagou este retardatário impiedosamente. Deu-se até ao desporto de andar a caçar a tiro, nas ruas de Lisboa, os republicanos tresmalhados, como quem caça coelhos” 14.
A vitória militar traduzir-se-ia num claro reforço da Ditadura, que ficou com os movimentos livres para pôr em prática uma política repressiva até ali impensável.  Antes de acabar o mês de Fevereiro, mais de mil implicados na revolta, entre militares e civis, foram deportados e largas centenas tiveram que se exilar. Os jornais que apoiaram o movimento foram imediatamente suspensos. Alguns sindicatos foram encerrados e a CGT foi dissolvida, passando a funcionar na clandestinidade.
Nos meses e anos seguintes a repressão aumentaria exponencialmente contra as organizações operárias e contra todos os que eram conhecidos pelas suas ideias inconformistas com o regime ditatorial, assistindo-se ao reforçar do Estado policial e ao apertar da censura à imprensa. As tentativas inssureccionais de lhe pôr termo por parte dos civis e militares “reviralhistas” sucederam-se até 1931. Todas fracassaram.
Reforçada nestas lutas e dispondo de forças armadas depuradas de elementos perturbadores, a Ditadura passou de Militar a Nacional. Chefiada por Salazar, apoiada pela Igreja Católica e contando com a apatia da esmagadora maioria do povo analfabeto e apolítico, embalou num percurso interrompido só quase meio século depois, quando o MFA (Movimento das Forças Armadas), um movimento conspirativo de novo tipo, só de militares, lhe pôs termo com o golpe de 25 de Abril de 1974. Realizavam assim o sonho do “reviralho”: restaurar o regime e a Constituição. Ao mesmo tempo que, involuntariamente, abriam as portas ao desencadear de um processo revolucionário realmente transformador na sociedade portuguesa, que uma parte significativa desses mesmos militares, desta vez organizados com civis enquadrados no espectro político que ia dos socialistas à extrema direita, se encarregaria de fechar, um ano e sete meses depois, com o golpe de 25 de Novembro.


OS MORTOS E OS FERIDOS

necroterio


O Diário de Notícias de 11 de Fevereiro dedicava toda a sexta página às dezenas de mortos e centenas de feridos em Lisboa. Ilustrada com fotografias dos acontecimentos, esta página constitui um documento interessante, recheado de informações, indispensável para o estudo da história da revolta. Para além de identificar mortos e feridos, internados nos vários hospitais da cidade, da sua condição de militares ou civis, idade, profissão e residência, acrescenta, na maioria dos casos, o tipo de ferimento e o ponto da cidade onde se produziu. Os civis triplicam nesta lista os militares e surpreende o número de mulheres atingidas ou mortas, a maioria por estilhaços de granada, mas também a tiro numa percentagem surpreendente. Contém ainda curtos desenvolvimentos sobre algumas vítimas, como a do banqueiro Soto Mayor, ferido a tiro num olho em sua casa, ou da filha e da criada do ourives Bastos da rua da Prata, mortas pelo impacto de uma granada de artilharia, quando observavam os combates do 4º andar do edifício. Destaque para o parágrafo que informa da entrada de 35 cadáveres não identificados no Necrotério, pelo mistério que encerra: militares sem placa identificadora?…

DEPOIMENTO
Grupo de civis que actuou na insurreição no porto.
Grupo de civis que actuou na insurreição no Porto.

Américo Vicente, sindicalista anarquista, membro da Juventude da CGT, um dos civis concentrados junto ao Quartel dos Marinheiros de Alcântara, que integraram a coluna comandada por Agatão Lança, relata, num depoimento inédito 15, filmado 60 anos depois dos acontecimentos, a progressão desta força. “(…) eu fazia parte dos grupos civis de preparação da revolução de Fevereiro (…) Viemos depois em direcção ao Largo do Rato já com a Guarda Republicana do quartel da Pampulha, que era comandada pelo Coronel Mendes dos Reis, [líder da Junta Revolucionária de Lisboa]. A primeira coisa que fizemos, é claro, já iamos preparados para a Revolução, íamos armados e tal, foi ir soltar à esquadra do Caminho Novo todo o pessoal de “A Batalha” que ali se encontrava preso. “A Batalha” tinha sido assaltada [pela Polícia] dias antes e tinham prendido todo o corpo redactorial e tipográfico. Dali, atravessámos aquelas ruas e quando chegámos ao Jardim do Patriarcal [actual Príncipe Real], houve o primeiro embate contra as forças fiéis ao Governo (…) que estavam na Rua da Escola Politécnica com as armas aperradas. A Marinha já tinha tomado o Jardim de São Pedro de Alcântara. E há um oficial que diz: ‘Há aí alguns artilheiros civis?… É preciso correr com estas vedetas todas que estão por esta rua fora…’ Uma série de civis ofereceram-se, foram pela rua da Escola Politécnica fora e amandaram com uns explosivos, limpando a rua toda. A rua da Escola é limpa e tomam a barricada no Largo do Rato. 16 Este foi o primeiro embate com as forças do Governo. Aquela Revolução durou três dias ou dois dias e meio, andámos ali enganados quase dois dias, sacrificados, alguns morreram é claro, só quem viu aquilo é que pode dizer o que aquilo foi… Parecia que tinham andado ali com uma picareta a picar os prédios… Na área do Rato havia umas poucas de barricadas… Quando chegou ao terceiro dia já quase não havia munições, o último cunhete de balas que estava em depósito dentro da Escola Politécnica, onde há duas grandes esferas à entrada dos portões, aí é que era o depósito de material de guerra, fui eu levá-lo a uma barricada numa daquelas travessas (…) Isso foi uma grande falha, não digo que fosse a mais importante, mas contribuiu bastante para a Revolução perder aquele entusiasmo, aquele ânimo, porque não havia material. Então, pelas 5 ou 6 horas da tarde, apareceu um automóvel pela rua da Escola Politécnica com um pau de vassoura e um lençol branco a dizer para a gente fugir que iam dar a rendição. É claro que não havia munições. Os oficiais gritavam: ‘Estamos mal, temos que nos render”. Porque havia muitos civis que não queriam render-se. ‘A gente não se rende! A gente vai lutar! A gente vai dar o sangue, mas não nos rendemos!’ Os oficiais aconselhavam: ‘Vamos embora rapazes, já não há nada a fazer, para sofrer estamos cá nós…’ É claro que tivemos que nos render, cada um fugiu para onde pôde. Os oficiais do Comité Revolucionário já fizeram aquilo para os civis fugirem… Então, cada um tratou de fugir, como eu. Chegou a altura, tirei tudo o que tinha por cima de mim, toca a andar, lá consegui safar



Notas:
  1. Jaime Cortesão, Memórias da Revolução de Fevereiro, in jornal “A Revolta” de 21/5/1927. 
  2. Emídio Santana, Memórias de um militante anarco-sindicalista, p.138. Perspectivas & Realidades. Lisboa, 1985.
  3. Júlio César de Almeida, in jornal “República” de 7 de Fevereiro de 1975.
  4. Manuel Joaquim de Sousa, in “Últimos Tempos de Acção Sindical Livre e do Anarquismo, p.51. Antígona, Lisboa, 1989. 
  5. Diário de notícias, 7 de Fevereiro de 1927 (4ª página). 
  6. Luis Farinha, O Reviralho – Revoltas Republicanas Contra a Ditadura e o Estado Novo 1926-1940, p.36, Lisboa, Estampa. 
  7. José da Silva, Memórias dum Operário. 2º volume. Após o 28 de Maio e Oposição Democrática, pp. 27-30. Manuel Duarte, Porto, 1971. 
  8. Paulo Guimarães, Cercados e Perseguidos: a Confederação Geral do Trabalho (CGT) nos últimos anos do sindicalismo revolucionário em Portugal (1926-1938).
  9. Emídio Santana, obra citada, p. 156. 
  10. Diário de notícias, 11 de Fevereiro de 1927 (2ª página). 
  11. Júlio Carrapato, O Regicídio, o 5 de Outubro de 1910, a I República Portuguesa, p. 341. Edições Sotavento, Faro, 2011 
  12. Luis Farinha, obra citada.
  13. Sarmento Pimentel ou uma Geração Traída: Diálogo de Norberto Lopes com o autor das “Memórias do Capitão”, Aster, Lisboa, 1976. 
  14. Sarmento Pimentel, “Memórias do Capitão”, Editorial Inova, Porto, 1974.
  15. Américo Vicente. Depoimento em video recolhido por José Tavares para o projecto “Memória Subversiva – História do anarquismo e do sindicalismo em Portugal”, 27 horas de entrevistas e registo de documentos, Lisboa, 1987.
  16. Na continuação do seu depoimento, Américo Vicente explica que a tomada desta barricada e do Palácio Duque de Palmela pelos civis pretendia evitar a repetição do contra-ataque pelas forças leais à ditadura, como tinha ocorrido quando do Golpe de Sidónio Pais, em 5 de Dezembro de 1917, quando a Marinha tinha controlado a mesma rua, mas fora surpreendida pelos sidonistas a partir da quinta circundante ao palácio. A propósito desses acontecimentos, recorda o mote de uma canção da época: “Ó marujo, não vais beber água ao Rato”, que evocava aquele outro episódio histórico. Os factos de Fevereiro de 1927 actualizariam o mote para “A marinha foi beber água ao Rato”, havendo também, segundo outros contemporâneos, a sua versão ameaçadora: “Vê lá se não queres que te aconteça o mesmo que aos marinheiros que foram beber água ao Rato…” 

RELATOS DA COVA DA MOURA E DE ALFRAGIDE

https://observatoriodocontroloerepressao.wordpress.com/2015/02/06/relato...
Invadidos por notícias de “invasões”, deixamos aqui, (embora com mais actualizações para breve), o relato dos acontecimentos vividos hoje no Bairro da Cova da Moura e na Esquadra da PSP de Alfragide:
a) No início da tarde uma patrulha da PSP da esquadra de Alfragide invadiu o Bairro da Cova da Moura, numa acção de rotina que concluiu na detenção de uma pessoa;
b) Durante a acção, o detido – apesar de não ter oferecido resistência – foi agredido violentamente, de pé e depois no chão, pelos diversos elementos da PSP presentes;
c) Perante o elevado número de testemunhas (algumas talvez armadas com telemóveis que filmam) , a PSP tratou de “limpar” as redondezas com recurso a violência física. A todos aqueles que: pela distância, por estarem à janela ou em propriedade privada e por isso distantes do cassetete , a polícia optou pelo disparo de balas de borracha;
d) Entre as vítimas das balas contam-se: mãe e filho (de apenas três anos de idade) que foram evacuados para o hospital, a mãe foi sujeita a uma operação cirúrgica; uma mulher atingida na face que se encontrava à janela; dois deficientes físicos; e ainda um grupo de raparigas que se encontrava no espaço público;
e) Perante o caos instalado pela PSP, quatro cidadãos do Bairro, alguns colaboradores do Moinho da Juventude, cientes do seus direitos e preocupados com a situação criada, dirigiram-se à esquadra de Alfragide para apresentar queixa dos baleados e saber informações do detido na acção de Bairro.
f) Apesar da esquadra ser um espaço público com serviço de atendimento ao cidadão, isso não impediu que os quatro fossem agredidos por vários agentes, em franca maioria, e que recorreram inclusive, e novamente, a balas de borracha;
g) Um sexto indivíduo que se encontrava no espaço público da esquadra foi agregado pela PSP aos 5 previamente detidos;
h) Dada a natureza das agressões, os seis indivíduos foram assistidos durante várias horas no hospital Amadora-Sintra, e diga-se, estavam todos irreconhecíveis, tal a brutalidade da acção policial;
Durante todo o tempo de espera e desenvolvimento da situação dos detidos, a polícia apresentou-se nervosa, talvez consciente da dimensão do corrido. Vários polícias fardados e à paisana cobriam várias espaços do hospital de forma desconfiada, enquanto na esquadra faziam o possível por não exteriorizar, embora de forma infrutífera, a insegurança dos seus actos. Como se o cenário não fosse estranho o suficiente, ficamos a saber que um dos polícias da esquadra de Alfragide ostenta uma tatuagem nazi.
É evidente que, por tudo o descrito e pelas notícias veiculadas pela PSP aos media, vão tentar acusar este grupo de cidadãos de um crime directamente proporcional ao erro grave cometido pela corporação. Temos de estar vigilantes e atentos.
Afinal quem invade quem?

TRILHA HISTÓRICA DO 3 DE FEVEREIRO DE 1927 NO PORTO




Data:  08/02/2015 - 10:30
Local: 
Estação de S. Bento (entrada principal) - Porto
No âmbito da acção CAMINHAR C/ A GENTE enquadrada no Programa de Apoio às Associações Juvenis do IPDJ realizaremos no próximo Domingo, dia 8 pelas 10.30 h. o Percurso pedestre: “Trilha Histórica do 3 de Fevereiro 1927”- com distribuição de folheto-guia e mapa do percurso. Encontro na entrada central da Estação de São Bento.
Para não deixar apagar a memória revolucionária e libertária do Porto!....

18 de agosto de 2014

MOSTRA DE EDIÇÕES SUBVERVERSIVAS A 26, 27 e 28 DE SETEMBRO EM LISBOA.

Convite:

Dias 26, 27 e 28 de Setembro irá decorrer em Lisboa uma Mostra de Edições Subversivas. Queremos que seja um espaço aberto ao debate e partilha de ideias críticas de uma realidade em que não nos revemos e que desejamos subverter. Acreditamos que livros, revistas, jornais, fanzines, música, vídeo ou debates são veículos importantes no ataque a esta sociedade que repudiamos e na procura de alternativas que nos libertem das relações de dominação que nela subsistem. Assim sendo, se colaboras numa editora, livraria ou distribuidora de material subversivo e apartidário, contacta-nos e vem participar connosco.
contacto: mostradedicoesubversivas@riseup.net

MEMÓRIA ANTIAUTORITÁRIA DE AGOSTO

1 Reúne o Pleno Confederal da C.G.T. para reorganizar e prestar apoio aos camaradas espanhóis. Portugal. 1938.
3 Texto no Boletim Anarco Sindical: "Novo Período Negro De Miséria... E Tu?... - Aceita-lo?!". Portugal.2010.
6 Às 8,15 h os estadunidenses bombardeiam Hiroxima no Japão com uma bomba atómica, três dias depois bombardeiam Nagasáqui. 1945.
Carta da ''PLANETA AZUL associação ecológica alternativa'' em conjunto com outras associações e coletivos ecologistas, ambientais e afins, à Rádio Retrógada (dita Renascença) sobre a tourada promovida por esta rádio católica. Portugal. 1999.
8 De 8 a 14 ocorreu o II Festival Ecológico em Miranda do Douro. Portugal. 1982.
Primeira mensagem do blogue "PLANETA AZUL a.e.a. - Porto": Fomos Ao Zoo Da Maia. Portugal. 2005.
11 Comunicado da Federação dos Trabalhadores da Educação, Ciência e Técnicos - CRAS-AIT (Confederação de Revolucionários Anarcossindicalistas): ''Não À Nova Guerra Do Cáucaso!''. Rússia. 2008.
12 Nasceu Diego Camacho Escámez, conhecido pelo pseudónimo de Abel Paz, em Almería. Espanha.1921.
13 Primeira mensagem do blogue Prisões No Planeta Azul. Portugal. 2008.
17 Ceifa de mais ou menos um hectare de milho transgénico (MON810) na Herdade da Lameira em Silves. Portugal. 2007.
18 Nasce Ana Cordeiro Reis. Portugal. 1977.
A Federação Anarquista Ibérica - Internacional das Federações Anarquistas (Portugal) divulga um comunicado sobre o rapto do Carlos da Marília, envolvido em negócios de droga. No final pede a liberdade de António Ferreira de Jesus. Portugal. 2004.
23 Carta da C.G.T. aos Sindicatos Autónomos e à CIS para a unidade. Portugal. 1937.
24 Publicação no blogue nacional da "PLANETA AZUL associação ecológica alternativa" do texto: Mais Armas Nucleares Que Nunca. Portugal. 2005.
Primeira mensagem do blogue Vegetarianismo No Planeta Azul. 2008.
26 Revolta. Portugal. 1931.
27 Distribuição pela Corrente Anarcossindicalista do comunicado: Proposta Reivindicativa Sindicalista. Portugal. 2002.
29 Greve em Valongo dos mineiros. Portugal. 1932.
Manifestação pela readmissão de Federico Puy funcionário da Cruz Vermelha de Buenos Aires. Argentina. 2008.

1 de agosto de 2014

GAZA & O TERRORISMO ISRAELITA DE 7 A 30 DE JULHO DE 2014.

1,8 milhão de habitantes em 360 Km2

Palestinianos mortos 1,340
Feridos7,200
Crianças mortas 280
Desalojad@s 225,000
Escolas destruídas 133
Hospitais destruídos 16
55 famílias tiveram pelo menos três mortos num mesmo ataque.

BOICOTE ISRAEL
Facebook: BDS Portugal.

Terrorismo consiste  em cometer atos violentos com a intenção de provocar medo e terror. Os seus objetivos políticos, religiosos ou ideológicos atacam deliberadamente uma população civil com desprezo total pela sua segurança. Neste contexto, desde 1948, o conjunto de práticas ilegais israelitas como as demolições sistemáticas, os ataques às infraestruturas civis, os sequestros de palestinianos, os discursos de ódio, as punições coletivas e os ataques deliberados à população civil em áreas residenciais é definido como ''Terrorismo de Estado''.
 
Como ajudar?
A campanha de Boicotes, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel, à semelhança da que foi criada contra o regime da África do Sul durante o apartheid, tem o objetivo de pressionar as autoridades e por consequência o  estado de Israel a cumprirem o direito internacional e cessarem  a sistemática brutalização e ocupação do território do povo palestiniano, através do isolamento político, económico, cultural e académico. Personalidades como Roger Waters dos Pink Floyd, o Prémio Nobel da Paz e um dos líderes da luta contra o aparthaid sul africano o Bispo Desdemond Tutu, o académico e cientista Stephen Hawking, e artistas como Javier Badem, Emma Thompson e Viggo Mortensen comprometeram-se com esta luta.
 
BOICOTE: evite comprar produtos israelitas, ou de empresas que estejam envolvidas na ocupação da Palestina. Empresas como H&M, HP, Motorola, Caterpillar, Produtos do Mar Morto, Curver, MAC, Clinique, Trandev, Keter, BES, REMAX, Grupo Lusófona e outras.
 
DESINVISTA: pressione as empresas portuguesas para que cessem parcerias, acordos e investimentos com empresas israelitas ou empresas envolvidas na ocupação como: Comboios de Portugal (parceira da Alstom), a. Rede Expressos, RENEX, InterNorte, InterCentro e InterSul (parceiros da Veolia), e o BES (protocolo de investimentos em Israel).
 
SANCIONE: pressione o seu governo e os seus representantes a romper laços diplomáticos e económicos, a cancelar acordos académicos, culturais e turísticos com o regime israelita.
 
 
Texto retirado do panfleto distribuído no Porto, durante a acção de solidariedade com o povo palestino a 1.8.2014.  

7 de junho de 2014

PERCURSO PEDESTRE PELA MEMÓRIA LIBERTÁRIA DE ALMADA


PRESO COSE A BOCA POR NÃO GOSTAR DA COMIDA

Um recluso do estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, coseu a boca, quinta-feira, em protesto contra a má qualidade da comida fornecida na cadeia e ao facto de, segundo o preso, não ser permitido criticar o serviço sem sofrer consequências disciplinares.
Ao JN, o secretário-geral da Associação de Apoio ao Recluso (APAR), Vítor Ilharco, confirmou os factos, mas não deixou de criticar "veementemente estas atitudes radicais dos reclusos".
"Percebemos a revolta, sabemos que têm razão nas queixas diárias, comuns a praticamente todos os estabelecimentos prisionais, temos consciência de que os responsáveis estão a menosprezar o problema gravíssimo da fome nas cadeias, mas este tipo de protesto não é o mais correto", afirmou. Vítor Ilharco sugere aos deputados, "de todas as cores políticas", para "visitarem, de surpresa, as cadeias dos seus distritos e verificarem, no local, como são justas as reclamações dos reclusos".
in JN

MEMÓRIA LIBERTÁRIA DE JUNHO


4 Nasce em Lisboa Jorge Manuel D' Abreu Palma, músico e compositor. Portugal. 1950.
7 Nasceu John Ho anarquista de Queluz e professor. Portugal. 1963.
9 Primeira mensagem do blogue Escutismo Alternativo. Portugal. 2006.
10 Nasceu Ornans Gustavo Courbet. Pintor de Renome. 1819.
Publicação do panfleto ''10 de Junho: O Que Há A Realçar Sobre esta Data'' pelo Ateneu Libertário de Leiria. Portugal. 1997.
11 Os Grupos Anarquistas da Região Portuguesa - Federação Anarquista Ibérica, divulgam um panfleto de solidariedade com os jovens antimilitaristas que se manifestaram a 15-9-1987. Portugal. 1991.
11, 12 e 13 Realiza-se o 68º Congresso da Federação Anarquista em Corbigny. França. 2011.
12 A Federação Anarquista Ibérica - Portugal divulga o panfleto: Alimentados Pela ''Macdonals's'', Que Financia a UEFA E O EURO 2004.
16 Nasce em Lisboa, Rui Manuel Pires Rodrigues. Portugal. 1972.
19 Manifestação do Movimento Democracia Verdadeira Já em Aveiro, Coimbra, Lisboa e Porto. Esta ação insere num movimento internacional de protesto. Portugal. 2011.
23 A Federação Anarquista Ibérica - Portugal divulga o panfleto: '' Acerca Do Nazismo''. Na mesma data divulga outro intitulado: O Nazismo E Os Deficientes. Portugal. 1995.
24 Primeira mensagem do blogue ''PLANETA AZUL a.e.a. - Faro. Portugal. 2006.
26 Dia Internacional Contra A Tortura
Primeira Ciclonudista de Lisboa. Portugal. 2011.
27 Nasce em Kovno, Emma Goldman. Lituania 1869.
Nasceu Alexandra Soares, anarquista de Cascais e elemento da Federação Anarquista Portuguesa. Portugal. 1959.
29 Nasceu em Guadalcanal (Andaluzia) Pedro Vallina Martinez. 1879.
O sindicato de Ofícios Vários - Porto da AIT-SP publica no Boletim Anarco-Sindicalista nº 27 o texto: ''Solidariedade Com @s Trabalhadores Imigrantes E Activistas Sociais. Portugal. 2008.  

SÁBADOS COM ANARQUIA

Sábados com Anarquia- Porque não ao Domingo?

17 de abril de 2014

SÁBADOS COM ANARQUIA, DESTA VEZ À SEXTA


6ª, 18 abril 20h00 entrada livre






















Com jantar às 20h e apresentação do texto A contínua atracção do
nacionalismo de Fredy Perlman.

Para espicaçar a leitura do texto e dar um cheirinho do que o mesmo aborda, aqui vai um pequenino excerto:

"Os esquerdistas ou revolucionários nacionalistas insistem que o seu nacionalismo não tem nada em comum com o nacionalismo dos fascistas e dos nacional-socialistas, que o seu é um nacionalismo dos oprimidos que oferece uma libertação pessoal e também cultural. As reivindicações dos nacionalistas revolucionários têm sido difundidas pelo mundo pelas duas
instituições hierárquicas mais antigas que sobreviveram até ao nosso tempo: o estado chinês e, mais recentemente, a Igreja Católica.

Actualmente, o nacionalismo tem sido apontado como estratégia, ciência e teologia de libertação, como realização do ditado iluminista de que o conhecimento é poder, como resposta comprovada à pergunta: "Que fazer?" Para desafiar essas reivindicações e vê-las em contexto, necessito questionar o que é o nacionalismo – não apenas o novo nacionalismo
revolucionário, mas também o antigo nacionalismo conservador. Não posso começar por definir o termo, porque nacionalismo não é uma palavra com uma definição estática: é um termo que cobre uma sequência de diferentes experiências históricas."

Disfrutem!


Sábados com anarquia.


A continua atração do nacionalismo